16.11.16

querida olívia

Não correu nada como tínhamos planeado. Queríamos ir buscar-te juntos, numa tarde solarenga de sábado em estilo passeio, para "te escolhermos" de entre os teus irmãos. Queríamos preparar a tua chegada, comprar tudo o que seria necessário. Mas trocaram-nos as voltas. Ligaram quarta-feira: já estavas disponível — e os teus irmãos todos destinados. Tínhamos de aparecer até sexta-feira ou ficávamos sem opção de escolha. Sexta? Impossível, não consigo. Trabalhava o dia todo e tinha um jantar com amigos cá em casa, como ir até Coruche?

O Manel perguntou-me se confiava na sua escolha e surpreendi ambos com um sim, claro, tens muito mais experiência com cães do que eu. A verdade é que estava com uma semana bastante preenchida. Relativizei e confesso que não pensei muito no assunto — até receber uma fotografia tua, doce e assustada, dentro de uma caixa de cartão já no carro. Não sei explicar muito bem o que aconteceu mas dizer que me apetecia cancelar o jantar dessa noite (cá em casa, relembro) para te ir receber é capaz de ser ilustrativo (queridos amigos do jantar, não levem a mal).

Esperei ansiosamente até sábado à noite para te conhecer, pequena Olívia. Já estavas menos assustada mas ainda não estavas totalmente à vontade. Deixavas que te fizéssemos festas mas ainda não vinhas ter connosco quando te chamávamos — e ficavas com um ar aterrorizado quando te pegávamos ao colo. Foste o nosso bebé três noites. Ficaste no nosso quarto e não te davas por satisfeita com a manta quentinha no chão, a nossa cama era muito mais confortável. Acordei quase de hora a hora contigo a puxar-me o pijama — acorda, dá-me atenção — mas não me importei. Tu, sim, estavas sempre quentinha.

Tens um pêlo muito sedoso, olhos azeitona e almofadinhas das patas ainda cor-de-rosa. É quarta-feira e já estás mais do que integrada na casa da quinta. Conheces-nos bem. Corres feliz atrás dos meus pés, como se os mesmos te desafiassem, e fazes uma festa quando nos vês. Adoras os atacadores dos nossos sapatos e a água da chuva nos vasos do jardim. Começas a dar cabo dos sofás da Lolo, vamos ter de controlar essa parte, e ainda fazes algumas asneiras em casa — mas não faz mal, és pequenina :) Quem já te conheceu não ficou indiferente. És adorada por todos.

Espero que sejamos capazes de te dar o que nos dás.

Olívia