20.12.15

os últimos tempos

Nota prévia: escrevi os dois parágrafos que se seguem na terça-feira à noite, no intervalo de uma formação que fiz todas as noites desta semana (excepto sexta-feira), mas não cheguei a publicar. Acho que faz sentido partilhar na mesma. Apesar de "já estarmos" no domingo seguinte ainda é actual: ontem (sábado) passámos o dia longe um do outro, nem sequer nos cruzámos de manhã, e hoje (domingo) passamos a tarde afastados. Temos sido consumidos pelos dias... E temos saudades um do outro.

Aqui vai:

"Andamos desconectados, cada um com as suas coisas, obrigações, prazos. Não temos tido tempo para muito - nem um para o outro. Também temos tido família em casa, alternadamente - o que gostamos! Mas não deixa de quebrar a rotina das nossas noites-a-dois, que adoramos. Vamos trocando uns "tudo bem?" pelo dia, por mensagem, e sabemos que nos encontramos ao final do dia - muito final nestes dias - mas falta-nos tempo e espaço juntos. Sei que virá - mas ainda falta um pouco.

Pequeno exemplo da ausência de harmonia dos últimos tempos: no domingo à noite, já tarde, optámos por nos dividir para entrarmos na semana sem pendentes. O Manel foi ao supermercado enquanto eu montei a árvore de Natal. Ouvi música natalícia enquanto montava, trepei a uma mesa para colocar a última parte da árvore (que é enorme) e deixei uma bolinha encarnada para o Manel colocar no fim - em jeito de participação. Sim, chamei "pendente" à árvore de Natal... É assim que andam os últimos tempos."

14.12.15

note to self

Os dias em que vou ao ginásio de manhã são sempre melhores.
Os dias em que vou ao ginásio de manhã são sempre melhores.
Os dias em que vou ao ginásio de manhã são sempre melhores.

Repetir três vezes quando der preguiça.

11.12.15

o amor está nas pequenas coisas

Descobri, graças a uma partilha de Facebook, umas ilustrações amorosas de tão simples que são. O amor está nas pequenas coisas. É um lugar-comum, sim, mas confesso que gosto de o sentir (finalmente). Aquelas em que mais me (nos) revejo:

Estar na mesma divisão. A fazer coisas diferentes mas na mesma divisão - só para estarmos perto um do outro.

Adormecemos sempre abraçados. Sempre sempre sempre (a posição dois é a mais frequente: eu deito-me e adormeço em segundos, o Manel tem maior dificuldade em adormecer e o meu abraço ajuda :) curiosamente o Manel tem covinhas nas costas tal e qual as covinhas da ilustração dois). Durante a noite damos voltas e voltas, passando pela posição três e normalmente acordamos na posição um (durante a semana). A posição quatro é uma das posições de ronha ao fim-de-semana.


Esta está demais! Revejo-nos na indecisão - o que podemos jantar hoje? - e na ténue linha entre preparar algo mais complexo ou simplificar com algo rápido, como uma pizza. A posição de pernas à chinês no sofá - ou no chão - é típica minha.

Sendo sincera: não tem acontecido muito, desde que voltámos de Nova Iorque ainda nenhum dos dois pegou nos livros que andava a ler. No entanto esta situação já se deu várias vezes, principalmente quando nos deitamos cedo (antes da meia-noite). Temos de retomar.

Leggings, meias grossas e camisa de flanela ou camisolão (camisola normal de homem que em mim se torna camisolão) do Manel é um dos meus outfits nos dias em que fico a trabalhar em casa. É tão bom, tão confortável e quentinho. Também já recorri a imensas t-shirts e sweatshirts para dormir, principalmente quando passamos o fim-de-semana na quinta e não levo pijama (sempre). E na verdade... O Manel tem muito mais roupa do que eu.

Isto somos nós (talvez sem a roupa espalhada e definitivamente sem a pizza em cima da cama). Conversamos imenso na cama - aliás, é o lugar das conversas sérias. Sentados, deitados, com luz, às escuras, abraçados. Esta imagem também me lembra quando começámos a namorar e ainda vivia cada um em sua casa: passámos horas em cima da cama a conversar, a falar das recordações que tínhamos um do outro, das nossas famílias, dos amigos. Não dávamos pelo tempo passar - e passavam-se horas.

A posição número um acontece imenso quando vemos algo juntos na televisão - exactamente nos mesmos lugares. A posição três é a nossa posição de sexta-feira à noite, noite em que normalmente jantamos mais tarde - e de forma mais boémia - e vamos ficando pelo sofá até adormecermos.


Ilustrações de Philippa Rice

10.12.15

do pequeno-almoço

Uma coisa que me custa: sair de casa de manhã sem tomar o pequeno-almoço. Normalmente só acontece uma vez por ano - em dia de análises de rotina - e hoje foi o dia. Sair de casa de estômago vazio (e sem café no sistema, o único que bebo por dia), descer a rua até ao metro, fazer o percurso de metro até ao hospital, ter 20 pessoas à frente (sabia que devia ter vindo ainda mais cedo) e análise - é muito tempo, custa-me um bocadinho e sinto que a manhã não é igual. A verdade é que acordo sempre com apetite - aliás, deito-me à noite a sonhar com o pequeno-almoço do dia seguinte - e sou capaz de comer bastante ao pequeno-almoço (principalmente ao fim-de-semana, num dia normal fico-me por torradas e café antes do ginásio e iogurte com granola e fruta quando volto do ginásio). Não foi sempre assim: houve uma fase na adolescência (= altura de dietas malucas) em que me limitava a um copo de leite ao acordar - e hoje penso como era possível? É uma questão de hábito, como tudo na vida. E é dos meus hábitos preferidos.

Pequeno detalhe do dia de hoje: já na cafetaria do hospital, depois das análises, consegui distinguir entre o galão e a meia-de-leite (aleluia!) e pedir o que realmente me apetecia - um galão quentinho. Não, não vou dizer o que acompanhou o galão (foi um pão de deus com manteiga e fiambre, em jeito de compensação pela ausência de pequeno-almoço ao acordar, mas que não valeu assim tanto a pena - aliás, o pão de deus deixa de fazer sentido quando não da Padaria Portuguesa). Sim, o galão pode soar a opção incoerente quando afirmo a quem me ouve que deixei de beber leite (de vaca - ou qualquer leite, não me habituei a nenhum leite vegetal) há quase um ano. É verdade, é incoerente. Sabe-me bem por ser quentinho mas acabo sempre por sentir algum peso no estômago. É raro beber - tirando em Nova Iorque, onde bebi um latte do Starbucks por dia (e chocolate quente e outras coisas boas), mas férias são férias, Nova Iorque é Nova Iorque e tudo o que andei a pé compensou <3

9.12.15

eu e o zomato

Demoro algum tempo a ceder a novidades. Sou assim um pouco com tudo na vida - não lido muito bem com mudanças - e sou assim com as redes sociais: só na semana passada aderi ao Zomato! Eu, que me assumo como foodie, ainda não tinha explorado a plataforma que permite, entre outras funções, avaliar restaurantes e cafés. Lembrei-me de o fazer quando tive uma má experiência num restaurante (de que falei aqui) e senti necessidade de alertar potenciais clientes (e também os gerentes/donos) para o mau serviço prestado. Sim, é um facto, tendemos a reportar mais o mau do que o bom - a pedir o livro de reclamações em vez do livro de elogios (que já é possível encontrar em alguns estabelecimentos). Em jeito de defesa posso avançar que apesar de me ter lembrado do Zomato por uma razão negativa as opiniões que dei desde que me registei foram maioritariamente positivas :)

Quanto ao Zomato: tive um pequeno baque quando comecei a explorar - tinha assumido que era uma start-up portuguesa (não sei onde fui buscar essa ideia mas estava mesmo convencida) e entretanto percebi que a empresa foi criada na Índia. A plataforma é user-friendly e oferece algo que nunca vi no Trip Advisor (que nunca utilizei para avaliar experiências, apenas para consultar): fotografias das ementas. Gosto de consultar as ementas antes de experimentar algum espaço e nem todos os sites/páginas de Facebook de cafés e restaurantes disponibilizam. Gosto de ter uma noção da oferta e dos preços - e acho que pode ter um impacto positivo (convidativo) junto de potenciais clientes. Entretanto apenas fiquei desiludida por Setúbal ainda não fazer parte do Zomato - que já está em 23 países. No sábado passado almoçámos na Casa do Mar (é recorrente, adoramos) e fui direita ao Zomato para dar um notão - mas nada de Setúbal.

O meu perfil no Zomato aqui.

7.12.15

ainda não entrei no espírito - mas quero!

Adoro o Natal. Tenho as melhores recordações possíveis dos Natais da minha infância e adolescência, invariavelmente (ou 90%) na casa de Azeitão. Os meus pais sempre gostaram muito de receber, já como os meus avós, e eu e a minha irmã sempre acompanhámos os preparativos (confesso que tenho apenas alguma preguiça com a árvore de Natal): apanhar musgo para o presépio - que ficava uma verdadeira obra de arte - preparar as sobremesas, decorar a casa... Adoro fazê-lo na vida adulta também (com ligeiras alterações - sem presépio, por exemplo): decidir onde fazemos o 24, a que casas vamos no 25, quem trata do peru, quem traz o quê ou ai-que-presente-damos-à-avó-este-ano? É mais uma razão para estarmos todos juntos, à volta da mesa (somos todos felizes à mesa) ou com jogos até de madrugada (com alguns presentes pelo meio).

Acontece que este ano o Natal ainda não entrou em mim. Ainda não fiz listas de presentes e compras, ainda não decorámos nada em casa, ainda não fiz grandes pesquisas online. Não me reconheço - costumo começar tudo isto em Novembro, para fazer durar o máximo possível. A verdade é que temos tido umas semanas atípicas - felizmente atípicas - de hospitais, médicos e exames e não temos tido muita vontade sequer de pensar no Natal. Ainda só fizemos algumas combinações por alto mas nem está nada definido em termos de datas e locais. Confesso que quero muito entrar no espírito (fico genuinamente feliz) mas ainda não o sinto.. Partilhei esta falta de entusiasmo com a minha irmã - que prometeu vir em minha salvação: no próximo fim-de-semana vamos dedicar-nos a ideias de decoração que andámos a explorar no Pinterest.

Entretanto deixo uma música bonita - de uma banda portuguesa com gente bonita - para o blog entrar no espírito. Já conhecem os Oh Honey?

3.12.15

sim, confesso, faço-o às vezes


the happy page (sou fã)

Nova Iorque, Nova Iorque (a partida e a chegada)

Tenho de escrever sobre Nova Iorque, tenho de escrever sobre Nova Iorque. Desde que voltei que sou assombrada por este pensamento. Quanto mais próximo da viagem escrever mais próximo da realidade - do que senti - será o que escrevo. Já passou um mês e meio e o que me tem travado é o facto de ainda não ter editado as fotografias (para ilustrarem o que escrevo). Estou sem mac - onde tenho os programas de edição - há duas semanas mas na verdade já podia ter começado antes. Não há desculpa possível - é questão de começar.. Como para contar a partida e a chegada não são necessárias fotografias (até porque creio não ter) acho que posso avançar um pouco mais: já referi o que fazer antes da partida para os EUA. Detalhe: quando se recorre a check-in online, tendo comprado os bilhetes online, poderá ser necessário informar a TAP dos dados do passaporte dos viajantes.

[Quando comecei a fazer o check-in online, na véspera da viagem, surgiu uma mensagem parecida com "não é possível realizar check-in - entre em contacto com a TAP". Tentei várias vezes, sempre a mesma mensagem. Calores, suores, tragédia - já achava que não íamos, que tinha feito algo mal nas reservas ou no pedido de autorização para entrar nos EUA. Vi todas as possibilidade más a passarem à frente dos olhos, em segundos - culminando na imagem de um Manel chateado (sou eu que trato das reservas e afins). Entrei em contacto com a TAP por mensagem privada no Facebook - são sempre super rápidos e eficientes a responder - e afinal estava tudo bem (voltei a respirar): na compra de bilhetes online não há nenhum espaço para inserção dos dados do passaporte - e essa informação é necessária para o check-in online. Dei os dados, corrigiram a situação e consegui fazer o check-in].

Já no aeroporto foi tudo muito rápido. Com o check-in online feito passámos a segurança e fomos até à gate. Na gate voltam a fazer um controlo de segurança: é necessário formar uma fila, é feito novo controlo e só depois o embarque (que implica nova fila). Depois do embarque tudo óptimo: os aviões para longo curso da TAP são óptimos (e eu já andei em Emirates) e a viagem faz-se bem. Gosto de todo o contexto "aeroporto". Gosto da sensação de ler ou ver um filme no avião - e de saber que não há outro lugar onde estar ou ir, só posso estar ali. Por falar em filme: vimos um bom filme (vimos os dois o mesmo, ao mesmo tempo <3): True Story, com James Franco, Felicity Jones e Jonah Hill. É um filme recente, de 2015, e não faço ideia se esteve em algum cinema em Portugal. No IMDB tem apenas 6.3 - mas gostámos. Tal como o nome indica é baseado num caso real.

Chegar a Newark: tudo muito rápido e tranquilo. Num instante saímos do avião, andámos um pouco e chegámos ao controlo de passaportes: criam-se pequenas filas, o controlo em si é rápido (o que é que vem cá fazer? quanto tempo fica?) e num instante estamos a recolher as malas e a sair. O aeroporto é pequeno, distâncias curtas, não há por onde nos perdermos. Do trabalho de casa que fiz concluímos que o melhor transporte seria o expresso: sai do aeroporto e faz três paragens em Nova Iorque. A nossa, Port Authority Bus Terminal, ficava a 8 minutos a pé do hotel. Há quem opte por comboio (mais rápido) ou mesmo táxi (bem mais caro). O expresso ficou por 25 dólares ida e volta e o único senão é apanhar algum trânsito (hora de ponta). Aterrámos às 16h30, às 17h30 já estávamos a caminho de Nova Iorque e tenho ideia de às 19h já estarmos no quarto do hotel.

A maioria do tempo de viagem no expresso não tem nada de extraordinário - são subúrbios. Aos poucos delineiam-se os prédios da grande maçã, ao longe, mas mesmo assim não dá para ter muita noção da cidade. O derradeiro momento do percurso é a travessia de um túnel (Lincoln Tunnel) para chegar a Manhattan: passámos por todo o "deserto", entrámos no túnel (já estava quase totalmente noite lá fora) e saímos (já era de noite). Saímos do túnel e estávamos noutro lugar. Saímos do túnel e começámos a ver algum movimento, luzes ao fundo. O autocarro parou passados poucos metros e era a nossa paragem. Saímos, com as malas, para o passeio - mesmo em frente ao edifício do The New York Times (que tínhamos acabado de ver no filme no avião). Luzes. Pessoas. Movimento. Estamos em Nova Iorque. Sou capaz de ter dito baixinho "Oh meu deus - chegámos!" Se não disse - pensei, de certeza.

Este momento, esta chegada, foi emocionante.

2.12.15

sobre o post anterior

Em relação ao último post: morri de saudades quando me deitei ontem. Refazendo: não sabem bem as noites em que o Manel não dorme mas sim as noites em que chega tarde - mas chega. Dito assim não soa muito bem... Convém ler o post anterior para perceber :) Bom dia!

1.12.15

sozinha em casa

Das coisas que faço quando fico sozinha em casa (à noite): chego, preparo o jantar em segundos e instalo-me em frente à televisão a ver o 24 Kitchen.

Hoje estou sozinha. Não acontece muito - apenas quando o Manel tem de madrugar para estar no Alentejo e opta por ficar por lá ou em Setúbal. Hoje não está por uma razão mais importante - a mais importante de todas: cuidar dos nossos - e na verdade já há alguns meses que não acontecia passar uma noite sozinha. Não vou mentir: sabe-me bem. Há algo de inspirador em saber que estou sozinha, que tenho tempo para escrever, que posso fazer tudo ao meu ritmo, que tenho a casa só para mim. Já vivi sozinha solteira e já vivi sozinha longe do Manel, noutro país, por isso sei que só me sabe bem uma noite sozinha porque amanhã já cá está outra vez. Não tenho saudades de viver sozinha. Mas uma noite sozinha, sabendo-me acompanhada (na vida), sabe bem. Mas dizia eu: cheguei tarde a casa, aqueci sopa que fiz no domingo à noite (de couve flor, nunca tinha feito, não estou muito fã) e preparei umas torradas. Em 5 minutos estava instalada no sofá, em frente à televisão - com o aquecedor ligado - a ver programas de culinária. É raro ligar a televisão, passo dias inteiros em casa e ignoro-a sem qualquer esforço (das várias vezes em que vivi sozinha nunca tive televisão) mas é nestes momentos, ao final da noite, que me apetece não pensar nada - e os programas de culinária permitem-me uma abstracção incrível. Entretanto já mudei para a rádio, porque se fico a ver programas de culinária continuo a achar que estou com apetite, e parei no Oceano Pacífico da RFM - que já não é como era, que músicas são estas? Também quase nunca ouço rádio (não conduzo há meses). Mas falando do Oceano Pacífico... É inevitável não me lembrar da minha mãe que conta como o Oceano Pacífico lhe fazia companhia nas noites de estudo quando andava na faculdade e vivia numa residência de freiras em Lisboa (os meus avós viviam em Setúbal). Imagino-a sentada à secretária, num quarto minimalista, com um candeeiro pequenino e livros. Com 17, há 40 anos atrás. Parecida comigo. (Ou eu parecida com a minha mãe).

Momento piroso do dia (hoje estou sensível, cheguei a chorar com a publicidade que anda a comover meio Facebook):


30.11.15

sempre que está sol

Passámos muito pouco tempo juntos na semana passada (e nos últimos dois fins-de-semana). Estive ocupada com dois cursos, um a começar às 9h e outro a acabar às 22h30, e o Manel também andou mais pelo Alentejo do que é costume. Resultado: cruzámo-nos pouco nas manhãs e só nos reencontrámos ao final da noite, já com muita vontade de ir para a cama. Combinámos um fim-de-semana-sem-nos-largarmos para matar saudades. E assim foi. Manhãs vagarosas, almoços tardios e tempo para conversar. Gostamos ambos de cozinhar, já o disse por aqui, mas preferimos fazê-lo ao final do dia ou noite. Ao fim-de-semana, a não ser que tenhamos algo preparado, gostamos de sair e aproveitar o sol - sempre que está sol - o máximo possível. Sábado e domingo é pouco frequente almoçarmos por casa.

Sábado fomos ao Royale Café no Chiado. O Manel não conhecia, eu vou lá há anos. Fomos tarde e mesmo assim ainda estava composto - bom, na verdade a cozinha está sempre aberta, é possível ver movimento a qualquer hora. O Manel experimentou um bacalhau espiritual e eu fui para o hamburguer em pão pita com tzatziki - uma amiga minha tinha pedido, há uns tempos, e fiquei com vontade de provar. Demoraram bastante tempo a servir, foi o único aspecto chato (e estávamos com um apetite louco) mas os pratos estavam óptimos e o ambiente e música sempre simpáticos. Terminámos com um crumble de frutos silvestres e maçã, com bola de gelado, a meias. Estava muito bom (também tenho boas memórias do bolo de chocolate). É um dos espaços que aconselho a quem visita Lisboa.

No domingo não queríamos perder muito tempo em trânsitos (no sábado demorámos uma hora do Chiado até à ponte - uma corrida na 24 de Julho) e demos um salto ao Kayser, que fica perto de casa (vamos a pé). Gostamos de tudo no Kayser. De tudo mesmo. Perco-me pela tarte de ruibarbo - é divinal, tenho de aprender a fazer (e tentar uma versão "saudável") e o Manel adora o croissant com amêndoas. Desta vez optámos apenas pelas saladas - do salad bar, em que podemos escolher o que queremos - e sumos de laranja (nada de doces!). Seguimos para Monsanto: andámos a explorar o antigo panorâmico de Monsanto - um edifício que em tempos foi restaurante e agora se encontra completamente degradado. É um pouco isolado e aparentemente não se pode entrar - tem um portão fechado a cadeado - mas é questão de saltar a cerca. Apesar da vista incrível para Lisboa e rio senti que "não devia estar ali". O espaço tem algo de sombrio..

Não tenho andado com a máquina fotográfica (preguiçosa...).

23.11.15

capas e capuchas

Há dois Invernos atrás andei a apregoar que queria uma capa encarnada estilo capuchinho-vermelho. Queria mesmo uma capa, não casaco. Recordam-se de um anúncio do Chanel nº5 com uma rapariga e um lobo? Eu queria uma capa com esse formato mas num tecido quente, de Inverno. O Manel, rapaz atento, tentou atender o meu pedido oferecendo-me um sobretudo encarnado com capuz. É o casaco mais quente que tenho e é o terceiro Inverno que o uso - e vou continuar a usar - mas não é a capa com que sonhava.

Eu, que não sou consumista com roupa, continuei com vontade de ter uma capa. Hoje, enquanto passeava pelo Facebook e lia algumas gordas deparei-me com uma notícia sobre uma marca que já conhecia - aliás, creio que foi graças a essa marca que tive vontade de ter uma capa - e a paixão reacendeu-se. A Capucha: vários modelos de capas feitas à mão, em burel - um tecido 100% lã - por um grupo de artesãos. São quentes e impermeáveis. São lindas. São a minha cara. O preço é que me desmotiva um pouco. Ou muito.

Não coloco em causa se valem o valor pedido. É um trabalho artesanal, são peças únicas e provavelmente não me cruzaria com muitas pessoas a utilizarem a mesma capa. Posso encarar a potencial compra como um investimento - é uma peça intemporal, que poderei usar sempre, e de boa qualidade. Irá durar e durar e ficará sempre bem. Ainda assim, o valor faz pensar um pouco. Uma outra solução poderá ser aprender a fazer - ainda ontem falei com a minha irmã na ideia de fazermos um curso de costura em breve. A pensar.

O meu modelo preferido é o Menina Capucha (fotografia adiante) mas parece-me que as cores de que mais gosto - cinzento ou preto, as cores que predominam no meu armário de Inverno - não estão disponíveis para este modelo (o encarnado já não seria uma hipótese, já tenho um bom casaco). Não é bonito?


21.11.15

sobre o fim-de-semana passado

Apenas este fim-de-semana escrevo sobre o fim-de-semana passado. Já tive semanas bem mais agitadas logo essa não poderá ser a desculpa para não ter escrito tanto na semana que terminou. Não tive tanta vontade de escrever e o blog surge da vontade de escrever ou de registar momentos. Não vale a pena forçar quando essa vontade não existe - se o fizer não serei "eu" a escrever e bom... Não é isso que quero.

Neste momento escrevo de Setúbal. Já é de noite, estou sozinha em casa e escrevo com uma vista única para o castelo de Palmela iluminado. Apenas se ouve o vento lá fora. Para mim são condições ideais para escrever: solidão e silêncio (serenidade). A palavra solidão tem conotação negativa - mas, nesta situação, está longe de o ser. Solidão no sentido de retiro. Solidão desejada, não imposta, o que faz toda a diferença.

Mas dizia eu que ia falar do fim-de-semana passado. Há muito tempo que não passava um fim-de-semana com a minha irmã, em sua casa, como aconteceu. Não vivemos muito longe mas continuam a ser cidades diferentes - Lisboa e Setúbal - e a logística dos dias remete os encontros quase sempre para os fins-de-semana. E não para todos os fins-de-semana. E não fins-de-semana inteiros, um almoço aqui, um jantar ali. Um fim-de-semana inteiro juntas há muito que não acontecia.

[Eu e a minha irmã: somos muito próximas, de uma forma que considero saudável: tanto pode acontecer falarmos várias vezes durante uma semana como estarmos uma semana inteira sem falar. Contamos uma com a outra mas não nos impomos constantemente. Procuramo-nos mas também sabemos dar espaço - cada uma tem as suas rotinas, os seus hobbies e os seus amigos. Não preciso de a ver para saber que a tenho ali. É minha. Como irmã é só minha - e tenho muita sorte].

O plano para o fim-de-semana passava por ajudá-la a arrumar a garagem - cheia de caixotes com a infância e adolescência que trouxe da casa de Azeitão -, comer castanhas assadas em passeio pela baixa e ainda fazer um bolo versão saudável. Pequenos prazeres, portanto. Resultado: a arrumação da garagem não passou muito do portão, as castanhas estavam boas (e alegrámo-nos com o movimento da baixa) e o bolo saudável foi substituído por uma granola caseira, também versão saudável (e biológica).

Pelo meio fomos falando, do sério e do menos sério, como quando ainda vivíamos com os nossos pais na casa da Azeitão e nos refugiávamos no quarto uma da outra, a fugir ao estudo. A verdade é que o fim-de-semana passou em segundos, ainda mais depressa do que na adolescência. Num instante chegámos a domingo à noite e aos abraços apertados que damos sempre que nos vemos e deixamos. Segunda-feira tive ainda mais saudades do que o costume. Queria voltar atrás.

19.11.15

frio

Desde segunda-feira que sinto frio. Frio em casa, frio na rua, frio na biblioteca. Depois do verão de São Martinho que se fez sentir por quase duas semanas acho que o frio veio para ficar. E gosto, adoro o frio. Tenho saudades de viver numa casa com lareira. O crepitar, o silêncio lá fora.. Deixo algumas fotografias que retirei do Unsplash - um banco de fotografias de alta resolução para utilização livre (tem fotografias muito boas) - e que vão ao encontro do meu mood de hoje e desta semana.





17.11.15

pequeno drama

O meu Mac deixou de colaborar. Assim, do nada. Liga, funciona normalmente mas não conecta ao wi-fi (aparentemente "não encontra o hardware"). É provavelmente da idade, são já sete anos de vida - e na verdade é o primeiro problema que me dá, não me posso queixar. Acontece que não estou a conseguir resolver este pequeno drama sozinha - perdi quase três horas em fóruns de informática e em diversas tentativas de resolução do problema. Terei de me render e levá-lo a uma loja de informática (com a esperança de que o pequeno drama não aumente).

Entretanto, para não perder mais tempo, surripiei o portátil do Manel mas não é a mesma coisa. Tem o ambiente de trabalho desarrumado - quase totalmente preenchido com documentos soltos, o que me desconcentra -, janelas pop-up por tudo e por nada, é mais lento... Acredito que o processo criativo se dá quando tem de se dar, independentemente do instrumento utilizado - papel, computador, portátil - mas não me sinto tão inspirada neste computador. Sim, sou esquisita. Ou complicada. Ou então estou apenas frustrada com as horas perdidas e não me sai nada de que goste. 

Em jeito de compensação deixo uma frase de Saramago. Fiquei a conhecê-la precisamente hoje - graças ao formador do workshop que estou a frequentar. Não se relaciona com a situação do Mac mas aplica-se bastante a "isto de ter um blog" (e é bonita): No fundo todos temos necessidade de dizer quem somos e o que é que estamos a fazer e a necessidade de deixar algo feito - porque esta vida não é eterna e deixar coisas feitas pode ser uma forma de eternidade. "Somos sobretudo a memória que temos de nós mesmos." La Provincia, Las Palmas de Gran Canaria, 1997

13.11.15

sexta-feira

Outra coisa que mudou com o facto de trabalhar a partir de casa - e por conta própria - foi o sabor das sextas-feiras. A sensação de liberdade ao sair do escritório ao final do dia, depois de uma semana intensa de trabalho, com a promessa do fim-de-semana pela frente... Perde-se. A verdade é que deixam de existir horários: todos os momentos livres são úteis para trabalhar, para avançar em mais qualquer coisa - seja à noite durante a semana ou ao fim-de-semana. Os dias distinguem-se menos entre si. Sei que posso "decretar" que a noite de sexta é momento para parar, mas não será a mesma coisa. Hoje, por exemplo, tenho um Manel entretido com tachos e panelas na cozinha - como não aproveitar para trabalhar mais um pouco?

(em compensação - a vida a equilibrar-se sozinha - os domingos à noite parecem-me menos deprimentes, muito menos deprimentes)

12.11.15

disponibilidade

Uma das coisas boas de trabalhar a partir de casa é que passei a estar mais disponível para encontrar os amigos. Não o digo por ter maior flexibilidade de horário ao longo do dia - a maioria dos amigos continua a trabalhar das 9h às 18h e os encontros remetem-se, tradicionalmente, para o final do dia, noite e fins-de-semana. Digo-o pois ao final do dia tenho vontade de sair, ver sítios novos e estar com pessoas - estou sedenta de conversa. E é tão bom! Acho que (quase) nunca cancelei uma combinação com amigos ao final do dia, quando trabalhava num escritório, por cansaço ou saturação do dia de trabalho - mas por vezes apetecia ir direita a casa. O que sinto agora é que tenho sempre vontade de estar com pessoas (com as minhas pessoas, amigos e família) depois de um dia de trabalho - e menos necessidade de me refugiar aos fins-de-semana, em busca de paz e silêncio, como acontecia bastante quando estava num escritório. Chegava a sexta-feira e rumávamos à casa de Porto Covo, apenas os dois, para desligar do mundo. Continua a apetecer-me ir - claro, é um paraíso tão próximo! - mas apetece levar o carro cheio :)

o sapo é chato

As Sapo News são algo que me aborrece há já algum tempo e tenho vindo a adiar o cancelamento deste serviço - que na verdade nunca solicitei. Não é nada de grave, é apenas chato. O critério das mensagens é sempre o mesmo, ou melhor, os mesmos: a polémica e a desgraça. Governos que vão abaixo, aviões que caem, famosos que morrem - e não varia muito disto. Segundo o que encontrei na net as Sapo News são, supostamente, mensagens sobre as principais notícias do país e do mundo - mas nunca dão boas notícias! Ou muito raramente - e eu prefiro rodear-me de boas vibrações. É claro que acompanho a actualidade mas prefiro não ser recordada de coisas negativas, por sms, diariamente.. Desactivei o serviço hoje, aleluia! Para mais interessados: alertas Sapo.

11.11.15

ferramentas úteis

Hoje fiquei a conhecer uma funcionalidade do Google que é bastante útil para quem lida com fotografia. Pelo ar surpreso de todos na sala (aprendi sobre esta ferramenta no curso de Escrita para Suportes Digitais que estou a fazer) diria que a mesma ainda não é conhecida por muitos - o que me leva a partilhá-la aqui: o Google Imagens permite-nos saber em que sites se encontra determinada fotografia (no entanto, apenas em sites "abertos ao público" - se uma fotografia estiver a ser utilizada no Facebook parece-me que não conseguimos saber). Não sei se a ferramenta foi criada com esses objectivos mas vejo utilidade para (i) quem publica fotografias suas, originais, e pretende controlar se as mesmas estão a ser utilizadas noutros sites sem a sua autorização; e para (ii) quem pretende recorrer a determinada fotografia disponível online e saber a sua origem. Os passos:

Ao entrarmos no Google clicamos em Imagens, no canto superior direito:




De seguida clicamos no símbolo da máquina fotográfica, sem escrever nada no campo de pesquisa:


A partir daqui temos duas hipóteses:
- Ou pesquisamos colocando o link de determinada imagem disponível online:

- Ou pesquisamos carregando uma imagem que tenhamos no nosso computador:
Um exemplo: carreguei a primeira fotografia que utilizei aqui no blog (podem ver aqui) e que retirei de um banco de fotografias de alta resolução (de utilização livre). Eis o resultado: tem sido amplamente usada, por todo o mundo:


Creio que a pesquisa não nos permite saber onde é que determinada fotografia foi utilizada pela primeira vez - mas permite-nos, tal como numa pesquisa normal no Google, seleccionar um "período" específico (nas Ferramentas de Pesquisa). Para quem lida com muitas fotografias numa base diária este sistema poderá ser um pouco moroso (pesquisar fotografia a fotografia) mas poderá ser útil para uma pesquisa pontual :) 

10.11.15

o ano dos workshops

Hoje escrevo esticada em cima da cama - com muita vontade de ceder ao sono mas consciente de que tenho de me aguentar senão logo não durmo (e amanhã tenho de acordar cedo). Esta noite dormi 5 horas - e preciso de dormir um mínimo de 8 horas para os meus dias terem maior rendimento. Acontece-me o mesmo com o exercício físico: tenho outro rendimento e disposição nos dias em que vou ao ginásio e por isso opto por ir logo de manhã, depois do pequeno-almoço, para usufruir desse estado todo o dia. Hoje foi diferente e estou em modo zombie: tive um workshop das 9h às 13h em Belém (leia-se: a uma hora de casa, de autocarro) e ontem tive um jantar com amigos que durou até tarde (para uma segunda-feira).

2015 tem sido, de facto, o ano dos workshops.

Comecei logo em Janeiro com o workshop "Como ler Rótulos" com a Catarina Beato, do blog Dias de uma Princesa. O nome diz tudo: a Catarina (que é tal como a imaginamos, muito terra-a-terra - o workshop é quase uma ida de amigas ao supermercado) desafiou-nos a interpretar os rótulos e informação nutricional dos produtos que consumimos e deu-nos algumas ideias de substituições saudáveis para refeições e ataques de fome (ou ansiedade) ao longo do dia. Foi bom confirmar que já fazíamos algumas opções saudáveis cá em casa (nunca houve sumos, bolachas, snacks salgados ou fritos e já há algum tempo que dávamos preferência a alguns produtos biológicos) mas percebi que ainda podíamos melhorar em alguns aspectos.

Dou um exemplo: gosto muito de pão (pão quentinho com manteiga... Mas a manteiga só muito raramente) e já há muito tempo que comprávamos pão de vários cereais que não trigo, ou não apenas trigo, mas não tínhamos a preocupação de comprar biológico (aparte: deixar o pão branco foi muito fácil, o pão de outros cereais consegue ser tão ou mais saboroso). Passámos a reparar melhor nas embalagens de pão normal, de supermercado: como é que algo tão simples, que só precisa de farinha, fermento e água (e talvez sementes e outras coisas boas) tem uma lista de ingredientes com sete linhas? Onde não sabemos o significado de 90%? Foi apenas um dos exemplos que me deixou angustiada. Rapidamente passámos a comprar pão biológico também (ou a fazer em casa).

Outro exemplo: Adoro legumes e vegetais - crus, assados, salteados - mas sou muito preguiçosa para comer fruta, desde sempre. A preguiça começava logo no acto da compra - não ia muito além de bananas! É outra coisa que tem mudado, para ter uma alimentação mais rica: comecei por me obrigar a comprar frutas variadas e em alguma quantidade. Como são biológicas têm uma vida útil mais curta (não estão carregadas de produtos que as façam durar) e começam a estragar-se mais rapidamente. Como o desperdício é uma coisa que me deixa doente - como, como e como, antes que se estraguem. A técnica está a resultar e posso dizer que é uma questão de hábito, como em tudo na vida. Habituamo-nos a determinados alimentos e não sentimos falta de outros. Como o leite, que não consumo há quase um ano. 

Há outros exemplos e voltarei a escrever sobre isso - e sobre os nossos hábitos alimentares cá por casa. Deixo apenas mais uma ideia e uma frase que a Catarina partilhou connosco: mais importante do que contar calorias é contar nutrientes e basear o plano alimentar no equilíbrio nutricional - e no estilo de vida que levamos, pois a alimentação deverá variar com a prática de exercício físico frequente, por exemplo. A frase é sábia (creio ser um provérbio brasileiro) e é para decorar: "se não tem pai, não tem mãe e não vem da terra - não se come." (produtos naturais versus produtos processados, em terra também se pode ler mar). Vim do workshop a repetir a frase para toda a gente!

Em relação aos restantes workshops que tenho feito: seguiu-se Introdução à Fotografia, Facebook Marketing, Design para Tablets e Smartphones, Facebook Marketing novamente e hoje Escrita para Suportes Digitais (vai alongar-se por três semanas). Tenciono falar um pouco sobre todos, escrever para não esquecer :) Já estou inscrita em mais dois até ao final do ano - Gestão de Comunidades Online e SEO - e ando a namorar uns workshops de cozinha vegetariana, edição de imagem (onde estou a sentir mais dificuldades no campo da Fotografia - daí ainda não ter editado as fotografias de Nova Iorque para partilhar aqui no blog) e food photography, que vão decorrer até ao final deste ano. Companhia, alguém? :)

9.11.15

do fim-de-semana

Gosto de tudo o que se relaciona com cozinha. Sou muito feliz à mesa e gosto de explorar receitas, fazer compras (supermercado biológico ou praça para ingredientes e diversas lojas para utensílios e acessórios) e cozinhar. Vem de trás: tenho uma família que dá uma grande importância ao lado gastronómico da vida: ao preparar, reunir à volta da mesa, apreciar e conversar durante horas. Tenho avós que cozinham divinalmente - e que o fazem por prazer, pois sempre tiveram "ajudas" - e tanto a minha mãe como o meu pai herdaram o jeito e o prazer de preparar e receber. Eu e a minha irmã esforçamo-nos por acompanhar.

Recordo os fins-de-semana invernais na casa de Azeitão (o crepitar da lareira e salamandra, o Frank Sinatra do meu pai baixinho, de fundo) sempre com pratos mais elaborados do que durante a semana. Os nossos pais perguntavam-nos quase sempre, a mim e a minha irmã, o que nos apetecia para o fim-de-semana e os pedidos andavam sempre muito à volta de assados no forno, pratos de bacalhau, pratos italianos. Os almoços duravam horas - prolongavam-se com chávenas de chá e conversa (quase sempre numa tentativa nossa de adiar a tarde de estudo, nos tempos de liceu e faculdade). 

Toda esta introdução para dizer que sou uma foodie, vulgo bom garfo, e que sou feliz à mesa e em tudo o que se relaciona. Felizmente encontrei no Manel a mesma paixão: também gosta de percorrer livros de receitas e é mais inventivo do que eu na cozinha (o que se nota no estado em que a cozinha fica depois de cozinhar - mas adiante). Curiosamente temos um gosto muito parecido e apetece-nos quase sempre o mesmo: "estava a pensar fazer salmão no forno para o jantar, o que achas?" "humm, sim, é mesmo isso que me apetece". Acontece-nos com muita frequência, é uma sintonia feliz :)

A nossa relação com a cozinha estende-se, obviamente, para fora de casa: gostamos de conhecer locais novos, especialmente pequenos coffee-shops para um café ou chocolate quente. Quando gostamos somos fiéis (adoramos o Fábulas, o Kaffehaus, o Le Jardin na Embaixada - apenas alguns exemplos, em Lisboa) e quantos mais espaços bons conhecemos mais frustrante se torna passar por experiências menos agradáveis: a felicidade que sinto quando provo algo que me enche a alma é proporcionalmente inversa à frustração de provar algo que fica aquém das expectativas. Fico mesmo chateada, desiludida.

Este fim-de-semana tivemos, precisamente, duas experiências gastronómicas totalmente opostas:

Sábado, um sol maravilhoso! Decidimos ir até ao Cabo Espichel. Depois da fotossíntese lembrei-me que tinha aberto, há pouco tempo, um cafézinho biológico perto de Sesimbra e decidimos parar lá. Valeu tanto a pena! O espaço é amoroso e os donos muito simpáticos. Provámos uma tarte de amêndoa deliciosa (apenas com ingredientes biológicos e do bem, sem açúcar refinado e afins) e tomámos café bio ao som de António Zambujo. Fomos muito bem recebidos: no fim decidimos levar mais uma fatia de tarte para a viagem (e ofereceram-nos ainda mais uma fatia!). Pequenos gestos que fazem toda a diferença e que determinam o nosso regresso. Vamos voltar, de certeza!

Domingo, outro dia com sol que aquece por dentro! Decidimos dar uma volta no Lx Factory. Adoramos o espaço, o ambiente alternativo e as lojas (o Manel perde-se nas lojas com artigos vintage). Também gostamos dos restaurantes: já experimentámos o Cantina, onde provámos moussaka pela primeira vez e adorámos, e também gostámos do Burger Factory. Ainda nos falta conhecer alguns (A Praça, Landeau) e ontem decidimos experimentar o Café na Fábrica. Não fomos muito bem recebidos, principalmente em termos de atendimento (penso que até por alguém da gerência) e da apresentação dos pratos - sem qualquer primor.

Pedi um hambúrguer de grão com pimentos, cogumelos e rúcula - em bolo do caco - e o Manel uma baguete com brie, mel, nozes e rúcula. Não foi tanto uma questão de sabor, foi todo o contexto: atendimento a correr, simpatia zero e apresentação negativa. Muito negativa (devia ter fotografado). Senti-me numa estação de serviço - e não é isso que se espera de um espaço assim. Pergunto-me como é que espaços de restauração se dão ao luxo de não garantir um serviço acima da média - sendo isso que faz a diferença entre um cliente voltar ou não voltar. Ainda para mais nos dias de hoje - em que o cliente tem acesso a um mundo de plataformas que permitem avaliar (e tornar pública) a sua boa ou má experiência.

Enfim... Desabafei a frustração :) Deixo-vos uma fotografia da tarte de amêndoa do Aloha Café - roubei da página de Facebook, espero que os autores não se importem :) Não deixem de ver a página, tem fotografias lindas (foodie que é foodie perde-se com fotografias destas) e fica a sugestão para quando passearem para aqueles lados!

Tarte de amêndoa (biológica!) - Aloha Café, Santana - Sesimbra

6.11.15

eu e a medicina tradicional chinesa

Hoje tive a última sessão de um tratamento de cinco semanas (cinco sessões) de medicina tradicional chinesa. Foi a minha primeira experiência - há anos que queria experimentar - e na verdade gostei. Nunca tinha procurado pois não tinha nenhuma "queixa" concreta - poderia experimentar só para relaxar, sim, mas não me parecia suficiente. Até que a mãe do Manel, que sabe da minha curiosidade por medicinas alternativas e naturais, percebeu que sofro de uma ligeira condição (já lá vou) e falou-me do Centro SUN - Medicina Tradicional Chinesa. Marquei uma consulta de avaliação (que é gratuita) e comecei a ser acompanhada pelo Salvador.

A minha "queixa": TPM. Para leigos: Tensão Pré-Menstrual. É algo que me acompanha e perturba há muito tempo, creio que desde os meus 18 anos (curiosamente desde que comecei a tomar a pílula). Sinto TPM todos os meses, durante um a dois dias, antes da menstruação. Fico um pouco bipolar, com alterações de humor repentinas, muito sensível e muito chata. Não me reconheço em coisas que digo e que faço e chego a ser desagradável com quem me rodeia. Depois acalma e passa, como se nada tivesse acontecido, e a vida volta ao normal. Confesso que nunca tinha pensado na medicina chinesa como possível solução.

Depois do diagnóstico (ouvir as minhas "queixas", fazer algumas questões e observar a minha língua) o Salvador explicou-me que a medicina tradicional chinesa tem como principal objectivo, na sua génese, a manutenção da saúde do paciente. Os especialistas em medicina tradicional chinesa, na China ancestral, tinham a responsabilidade de manter os seus pacientes saudáveis (e curiosamente apenas eram recompensados quando os seus pacientes se encontravam bem, não sendo remunerados quando os mesmos adoeciam). Isto leva-me a pensar o quão bom seria se todos pudéssemos ser acompanhados por especialistas destes, com métodos naturais, prevenindo maleitas no futuro..

O Salvador recomendou-me um tratamento de cinco semanas. Recorreu a diversos métodos - massagem tuina, acupunctura, moxabustão e ventosas. Na penúltima sessão resolveu adicionar um tratamento de fitoterapia (medicina herbal) e tenho andado a tomar uma fórmula de plantas, totalmente natural, às refeições (as pessoas normais podem tomar a versão cápsula e as pessoas esquisitas - que, como eu, têm uma grande dificuldade a engolir comprimidos - podem tomar a versão em pó, que se desfaz em água morna e infelizmente não é muito saborosa). Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa a acupunctura não é o método de eleição para tratamento - a fitoterapia é o método que apresenta resultados mais visíveis (pelo menos para condições de foro emocional).

Ainda não notámos uma melhoria significativa do humor naqueles dois dias fatídicos e hoje o Salvador voltou a observar a minha língua, para diagnóstico, e diz que ainda está um pouco inchada e pálida (e não é suposto). Decidimos fazer mais três sessões e continuar o tratamento de fitoterapia por mais algum tempo (na verdade só comecei a fitoterapia há uma semana). Por enquanto posso adiantar que a acupunctura não dói (o momento de colocação da agulha é apenas um pouco incomodativo nas mãos e nos pés, mas não no resto do corpo) e que os outros métodos são quase agradáveis! Quanto ao Centro SUN: só conheço o Salvador - que é muito querido e tranquilo - mas toda a equipa me parece muito terra-a-terra, todos jovens e simpáticos, felizes no seu trabalho.

Quando o tratamento terminar, daqui a um mês, volto com novidades!

5.11.15

Cowork - Campo de Ourique

Estou a trabalhar a partir de casa desde Junho. Trabalhar a partir de casa é uma miragem muito apetecível quando estamos num escritório distante (para onde temos de nos deslocar de carro ou transportes públicos, enfrentando o trânsito, a chuva, o caos), com colegas que são só isso mesmo, colegas (com quem não sentimos afinidade) e com um trabalho que se afasta cada vez mais daquilo que somos. Acontece que trabalhar a partir de casa pode não ser fácil, pelo menos de imediato, ou pode exigir alguma adaptação (o que se complica comigo, que sou um pouco avessa à mudança). Por dificuldade não falo da instabilidade ou ansiedade da vida de freelancer (que existe, mas é conversa para outro post). Falo da necessidade de criação de rotinas para não existirem distracções (e por distracções nem falo de televisão, que para mim é como se não existisse, nem da tentação de atacar o frigorífico com mais frequência - que acontece, sim, mas tem o seu lado positivo: estar em casa permite fazer opções mais saudáveis). Falo da necessidade de criação de um espaço de trabalho e de métodos para que a vida da casa não se intrometa na vida profissional (evitando, por exemplo, dobrar roupa numa hora de produtividade com o argumento de não consigo trabalhar no caos). Felizmente são questões que se resolvem com tempo e, precisamente, alguma adaptação. Para mim, que sou uma pessoa de rotinas, nem deveria ser complicado. Acontece que a minha experiência de começar a trabalhar a partir de casa sofreu um choque inicial: coincidiu exactamente com o arrancar de obras no prédio (berbequins e outros instrumentos barulhentos, de manhã até ao final da tarde, durante mais de um mês) e com o início do Verão - e eu não lido muito bem com calor (dá-me a volta ao sistema nervoso, bloqueio, não trabalho tão bem).

Sabia que não ia ser imediatamente bom, pela necessidade de adaptação, mas foi mais complicado do que imaginava (pelos factores externos que não controlava). Eu cresci no campo, no silêncio natural, e sempre me custou um pouco habituar-me ao barulho constante da cidade. As obras pioraram a minha relação com a casa, com o trabalho, com o Manel. Andei insuportável chata durante algum tempo e tentei procurar uma solução (que surgiu, em forma de biblioteca, mas já falo sobre isso). Curiosamente encontrava-se a decorrer, no início de Junho, o período de apresentação de projectos para o Orçamento Participativo de Lisboa (algo que acontece anualmente). Eu já tinha andado a estudar o processo de candidatura, a pensar sugerir umas lombas para a nossa rua, mas não hesitei em mudar o foco. As ideias surgem muitas vezes da necessidade. Apresentei o projecto Cowork - Campo de Ourique, num processo de candidatura muito simples (apresentar a ideia e justificar a sua importância, tudo online). Não me iria resolver o problema da falta de local de trabalho de imediato (nem para breve) mas senti que fazia sentido tentar (poderei não ser eu a usufruir do mesmo mas gosto de pensar que irá beneficiar alguém no futuro). Muito resumidamente: o projecto prevê a criação de um espaço de cowork (partilha de espaço e recursos de um escritório) em Campo de Ourique com salas para utilização diária, semanal ou mensal por parte de indivíduos com actividade profissional livre (freelancers) - designers, fotógrafos, copywriters, entre outros - que procuram compensar a falta de condições para assumir o arrendamento de um espaço por conta própria e quebrar a monotonia do trabalho a partir de casa.

Os projectos apresentados ao Orçamento Participativo de Lisboa (481 propostas) foram analisados por uma equipa da Câmara Municipal de Lisboa, que avaliou a viabilidade técnica de todos e seleccionou aqueles que iam ao encontro dos critérios estabelecidos (e para os quais estimou os custos envolvidos e prazo de execução). Dessa avaliação resultaram 189 projectos - nomeadamente o Cowork - Campo de Ourique (felicidade!) com um prazo de execução de 18 meses (desespero!) - que se encontram a votação, por parte de cidadãos que vivem, estudam ou trabalham em Lisboa, até 15 de Novembro (na verdade por parte de qualquer cidadão que tenha alguma relação com a cidade). Desafio, assim, quem ainda não o fez, a conhecer a página de divulgação do projecto no Facebook (Cowork - Campo de Ourique), a ler sobre o projecto no site do Orçamento Participativo de Lisboa (ou a conhecer os restantes projectos a votação aqui) e a votar! Acima de tudo convido-vos a votar - são tantos os projectos (consultei apenas alguns mas acredito que haja projectos para todas as freguesias de Lisboa), nas mais variadas áreas de intervenção - alguns bastante prementes - e temos a possibilidade de votar na sua real concretização. É uma oportunidade! É bastante fácil e rápido, no site ou por SMS, até dia 15 de Novembro! Influenciando um pouco, fica a sugestão:


Entretanto, para terminar a minha história: as obras do prédio terminaram e está a chegar o frio (com o qual convivo muito bem). Trabalhar a partir de casa tem vindo a tornar-se mais simpático (é muito bom saber que não temos de sair quando está um temporal lá fora). Sinto que não ando tão impaciente. Já fiz várias experiências de rotinas e penso ter encontrado a ideal: acordo, tomo o pequeno-almoço (tenho sempre muito apetite de manhã), vou ao ginásio e tomo banho. Trabalho em casa de manhã, almoço e saio para a biblioteca. Volto a casa ao final da tarde e por vezes, quase sempre, ainda trabalho mais um pouco ou perco-me em momentos de criatividade culinária na cozinha. A biblioteca tem sido, de facto, a minha salvação (foi a minha salvação no Verão, tem ar-condicionado). Fica a dez minutos de casa a pé e tem wi-fi gratuito - e na verdade sinto-me sempre muito feliz rodeada de livros e acho saudável sair de casa e ver pessoas. Mas não a considero uma solução para sempre, tem algumas limitações: o horário (segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, e por vezes sinto necessidade de trabalhar à noite ou ao fim-de-semana), a impossibilidade de deixar o computador ou documentação para o dia seguinte, o ter de sair para a rua (e para a chuva, por exemplo) para atender chamadas ou para lanchar qualquer coisa. Não são limitações graves, repito que a biblioteca tem sido uma salvação, mas não é um local de trabalho. Pode ser que o projecto Cowork - Campo de Ourique seja um dos mais votados... E daqui a dois anos estarei a escrever de lá :)

4.11.15

Nova Iorque, Nova Iorque (preparação)

Não foi uma viagem muito planeada. Bom, minto. Quando estou por detrás há sempre algum planeamento - sou um pouco controladora. O que quero dizer é que não foi planeada com muita antecedência. Queríamos fazer uma viagem este ano, tal como fizemos no ano passado e como esperamos fazer para o ano - uma viagem grande por ano - e tínhamos várias ideias. Quem não tem ideias para viajar? Comecei a fazer as minhas pesquisas online e a pressionar o Manel (desde que voltámos de Marrocos?) que é sempre mais descontraído: já fizeste pesquisas? tens andado a ver viagens? Começaram a surgir algumas ideias: Israel está nos planos há muito tempo, Sri Lanka há algum (mas acho que tem muito potencial para lua-de-mel), Argentina, Peru, Colômbia. Nova Iorque também foi sempre um destino possível mas mais facilmente descartado, com o argumento de que podemos ir a Nova Iorque em qualquer altura/não é uma cidade que vá mudar muito nos próximos anos/pode esperar.

Acontece que no ano passado gostámos de viajar em Outubro e este ano queríamos repetir a época - e começámos a ficar apertados em termos de tempo, para reservas e algum estudo da viagem. Há viagens que exigem maior preparação, maior disponibilidade de tempo para a viagem em si ou para as quais podem existir alturas ideais, nomeadamente por questões meteorológicas, não coincidentes com o que tínhamos pensado. A dada altura, início de Agosto, estávamos bastante entusiasmados com a América do Sul - já falávamos em fazer uma viagem ainda maior, possivelmente duas a três semanas, abrangendo mais do que um país - mas percebemos que devíamos ter começado a tratar de tudo com mais antecedência. São países muito grandes e que para serem conhecidos mais a fundo (sair dos centros urbanos e explorar áreas mais remotas) é necessária alguma preparação logística. A antecedência permite também encontrar opções mais atraentes do ponto de vista financeiro - e estava a parecer-nos tudo um pouco acima do orçamento pensado.

Não ia dar. Estávamos os dois com algum trabalho, ainda teríamos as férias em Porto Covo (sem computador/internet) e achámos que não íamos ter tempo para preparar uma viagem dessa dimensão com cuidado. Não gostamos de fazer as coisas à pressa - e uma grande parte do prazer de viajar está na preparação da viagem, no ainda não fomos mas temos a certeza que vamos, e não quisemos limitar esse prazer para uma viagem dessas. Foi aí que nos lembrámos novamente de Nova Iorque: não é uma cidade que exija muita preparação, basta reservar voos e hotel. É uma cidade para chegar e ficar - não há necessidade de sair - andar na rua e sentir o ambiente. Começámos a ficar entusiasmados, a pesquisar voos e hotéis e foi tudo muito rápido. Tratámos das autorizações para viajar - cidadãos portugueses não precisam de visto para entrar nos EUA mas sim de uma autorização (e de passaporte, claro) - e assim que recebemos a confirmação em como estávamos autorizados a entrar no país marcámos tudo.

Fiquei histérica. Lembro-me perfeitamente do momento: estava sozinha em casa, sentada no sofá da sala com o computador ao colo (costumo ser eu a tratar das reservas e burocracias das viagens - adoro, claro) e a trocar mensagens com o Manel, que provavelmente andava pelo Alentejo ou por Setúbal. Lembro-me de confirmar as datas de ida e regresso uma última vez e de lhe enviar uma mensagem, em letras garrafais, a demonstrar todo o meu entusiasmo por já termos os bilhetes. Iríamos viajar precisamente dentro de dois meses! O tempo passou num ápice mas foi mais do que suficiente para fazermos algumas pesquisas, falarmos com amigos que já tinham ido e viver todo o prazer de sabermos que íamos - o que muitas vezes parece irreal até acontecer mesmo. Fui com grandes expectativas, confesso, e a cidade correspondeu por completo.

Para interessados numa viagem aos EUA: é aconselhável solicitar a autorização para entrar nos EUA antes de marcar viagens e hotéis. O pedido é submetido online, tem um custo de 14 dólares por pessoa e o veredicto é dado dentro de dois a três dias úteis. Não é necessário mais nada. O seguro de viagem ou de saúde/assistência no estrangeiro é facultativo mas normalmente aconselhado pois os cuidados de saúde nos EUA são extremamente caros (há diversos os cartões de crédito que oferecem assistência no estrangeiro, por exemplo). Quanto às nossas reservas: normalmente espreitamos as ofertas das agências de viagem mas temos o hábito de marcar tudo autonomamente, pois costumamos encontrar opções mais em conta/adequadas ao que procuramos. Viajámos na TAP e ficámos num hotel de quatro estrelas muito próximo de Times Square (super promoção do Booking). Pormenores e mais fotografias em breve!

Vista do Top of the Rock - Observation Deck (Rockefeller Center)

2.11.15

o primeiro post (ii)

Tenho vindo a adiar o primeiro post do blog - à espera do dia ideal. O blog ficou pronto na véspera da viagem a Nova Iorque e pensei em escrever logo o primeiro post - mas andava na azáfama que tipicamente antecede as viagens e não o quis fazer atabalhoadamente. Resolvi deixar para o regresso. O regresso foi acompanhado de ameaça de gripe - tosse, dores de cabeça e de garganta - que só agora está a acalmar. Continuei a sentir que não estavam reunidas as condições ideais para o primeiro post: queria estar focada, com a vida alinhada. Mas a verdade é que não há dia ou hora ideal para começar um blog. Como não há dia ou hora ideal para começar a ir ao ginásio. Ou para passar a fazer uma alimentação mais saudável. Ou para começar seja o que for. É preciso começar (ponto). E assim, sem qualquer planeamento, começo agora: numa segunda-feira (gosto de segundas-feiras) no início do mês de Novembro :)

Porquê um blog? Desde Junho que trabalho a partir de casa (ou da biblioteca, para não estar sempre em casa) e apesar de estar bastante satisfeita com a decisão tomada (deixar a entidade com quem trabalhava) acabo por ter menos pessoas com quem falar diariamente. Há dias em que se não me cruzar com o Manel de manhã, porque saiu cedo para o Alentejo, as conversas do meu dia irão resumir-se ao sorridente bom dia que digo ao segurança do ginásio e ao tímido boa tarde que digo às senhoras da biblioteca. Só volto a "falar" ao final do dia/noite quando ligo a algum dos meus pais ou à minha avó (o que não acontece diariamente) ou quando o Manel chega a casa. Vou falando durante o dia com o Manel, com a minha irmã, por vezes com uma ou outra amiga (por mensagens/chat do facebook) mas sinto que me falta algo. Algo que me permita partilhar os meus dias, os fins-de-semana, a vida offline.

É essa uma das razões que me leva à criação deste blog. Continua a ser conversa "escrita" mas diferente: passo a organizar os pensamentos, a escrita, e a tornar público o que me vai na cabeça, o que me apetece contar - com a possibilidade de vir a ter algum feedback desse lado, como se estivesse com amigos e família todos os dias. Não é a primeira vez que tenho um blog - mas é a primeira vez que tenho um blog público e isso fará a diferença (o blog que tive em tempos era partilhado apenas com meia dúzia de pessoas muito próximas - na verdade eram apenas cinco pessoas que o liam!). Saber que poderei ter mais companhia desse lado será uma motivação para partilhar as fotografias que vou tirando, os locais bonitos que vou conhecendo, as viagens que vou fazendo, os bolos que vou preparando... - momentos emocionantes ou totalmente rotineiros dos nossos dias. Meus, do Manel e de quem está próximo. Espero encontrar-vos desse lado.