20.12.15

os últimos tempos

Nota prévia: escrevi os dois parágrafos que se seguem na terça-feira à noite, no intervalo de uma formação que fiz todas as noites desta semana (excepto sexta-feira), mas não cheguei a publicar. Acho que faz sentido partilhar na mesma. Apesar de "já estarmos" no domingo seguinte ainda é actual: ontem (sábado) passámos o dia longe um do outro, nem sequer nos cruzámos de manhã, e hoje (domingo) passamos a tarde afastados. Temos sido consumidos pelos dias... E temos saudades um do outro.

Aqui vai:

"Andamos desconectados, cada um com as suas coisas, obrigações, prazos. Não temos tido tempo para muito - nem um para o outro. Também temos tido família em casa, alternadamente - o que gostamos! Mas não deixa de quebrar a rotina das nossas noites-a-dois, que adoramos. Vamos trocando uns "tudo bem?" pelo dia, por mensagem, e sabemos que nos encontramos ao final do dia - muito final nestes dias - mas falta-nos tempo e espaço juntos. Sei que virá - mas ainda falta um pouco.

Pequeno exemplo da ausência de harmonia dos últimos tempos: no domingo à noite, já tarde, optámos por nos dividir para entrarmos na semana sem pendentes. O Manel foi ao supermercado enquanto eu montei a árvore de Natal. Ouvi música natalícia enquanto montava, trepei a uma mesa para colocar a última parte da árvore (que é enorme) e deixei uma bolinha encarnada para o Manel colocar no fim - em jeito de participação. Sim, chamei "pendente" à árvore de Natal... É assim que andam os últimos tempos."

14.12.15

note to self

Os dias em que vou ao ginásio de manhã são sempre melhores.
Os dias em que vou ao ginásio de manhã são sempre melhores.
Os dias em que vou ao ginásio de manhã são sempre melhores.

Repetir três vezes quando der preguiça.

11.12.15

o amor está nas pequenas coisas

Descobri, graças a uma partilha de Facebook, umas ilustrações amorosas de tão simples que são. O amor está nas pequenas coisas. É um lugar-comum, sim, mas confesso que gosto de o sentir (finalmente). Aquelas em que mais me (nos) revejo:

Estar na mesma divisão. A fazer coisas diferentes mas na mesma divisão - só para estarmos perto um do outro.

Adormecemos sempre abraçados. Sempre sempre sempre (a posição dois é a mais frequente: eu deito-me e adormeço em segundos, o Manel tem maior dificuldade em adormecer e o meu abraço ajuda :) curiosamente o Manel tem covinhas nas costas tal e qual as covinhas da ilustração dois). Durante a noite damos voltas e voltas, passando pela posição três e normalmente acordamos na posição um (durante a semana). A posição quatro é uma das posições de ronha ao fim-de-semana.


Esta está demais! Revejo-nos na indecisão - o que podemos jantar hoje? - e na ténue linha entre preparar algo mais complexo ou simplificar com algo rápido, como uma pizza. A posição de pernas à chinês no sofá - ou no chão - é típica minha.

Sendo sincera: não tem acontecido muito, desde que voltámos de Nova Iorque ainda nenhum dos dois pegou nos livros que andava a ler. No entanto esta situação já se deu várias vezes, principalmente quando nos deitamos cedo (antes da meia-noite). Temos de retomar.

Leggings, meias grossas e camisa de flanela ou camisolão (camisola normal de homem que em mim se torna camisolão) do Manel é um dos meus outfits nos dias em que fico a trabalhar em casa. É tão bom, tão confortável e quentinho. Também já recorri a imensas t-shirts e sweatshirts para dormir, principalmente quando passamos o fim-de-semana na quinta e não levo pijama (sempre). E na verdade... O Manel tem muito mais roupa do que eu.

Isto somos nós (talvez sem a roupa espalhada e definitivamente sem a pizza em cima da cama). Conversamos imenso na cama - aliás, é o lugar das conversas sérias. Sentados, deitados, com luz, às escuras, abraçados. Esta imagem também me lembra quando começámos a namorar e ainda vivia cada um em sua casa: passámos horas em cima da cama a conversar, a falar das recordações que tínhamos um do outro, das nossas famílias, dos amigos. Não dávamos pelo tempo passar - e passavam-se horas.

A posição número um acontece imenso quando vemos algo juntos na televisão - exactamente nos mesmos lugares. A posição três é a nossa posição de sexta-feira à noite, noite em que normalmente jantamos mais tarde - e de forma mais boémia - e vamos ficando pelo sofá até adormecermos.


Ilustrações de Philippa Rice

10.12.15

do pequeno-almoço

Uma coisa que me custa: sair de casa de manhã sem tomar o pequeno-almoço. Normalmente só acontece uma vez por ano - em dia de análises de rotina - e hoje foi o dia. Sair de casa de estômago vazio (e sem café no sistema, o único que bebo por dia), descer a rua até ao metro, fazer o percurso de metro até ao hospital, ter 20 pessoas à frente (sabia que devia ter vindo ainda mais cedo) e análise - é muito tempo, custa-me um bocadinho e sinto que a manhã não é igual. A verdade é que acordo sempre com apetite - aliás, deito-me à noite a sonhar com o pequeno-almoço do dia seguinte - e sou capaz de comer bastante ao pequeno-almoço (principalmente ao fim-de-semana, num dia normal fico-me por torradas e café antes do ginásio e iogurte com granola e fruta quando volto do ginásio). Não foi sempre assim: houve uma fase na adolescência (= altura de dietas malucas) em que me limitava a um copo de leite ao acordar - e hoje penso como era possível? É uma questão de hábito, como tudo na vida. E é dos meus hábitos preferidos.

Pequeno detalhe do dia de hoje: já na cafetaria do hospital, depois das análises, consegui distinguir entre o galão e a meia-de-leite (aleluia!) e pedir o que realmente me apetecia - um galão quentinho. Não, não vou dizer o que acompanhou o galão (foi um pão de deus com manteiga e fiambre, em jeito de compensação pela ausência de pequeno-almoço ao acordar, mas que não valeu assim tanto a pena - aliás, o pão de deus deixa de fazer sentido quando não da Padaria Portuguesa). Sim, o galão pode soar a opção incoerente quando afirmo a quem me ouve que deixei de beber leite (de vaca - ou qualquer leite, não me habituei a nenhum leite vegetal) há quase um ano. É verdade, é incoerente. Sabe-me bem por ser quentinho mas acabo sempre por sentir algum peso no estômago. É raro beber - tirando em Nova Iorque, onde bebi um latte do Starbucks por dia (e chocolate quente e outras coisas boas), mas férias são férias, Nova Iorque é Nova Iorque e tudo o que andei a pé compensou <3

9.12.15

eu e o zomato

Demoro algum tempo a ceder a novidades. Sou assim um pouco com tudo na vida - não lido muito bem com mudanças - e sou assim com as redes sociais: só na semana passada aderi ao Zomato! Eu, que me assumo como foodie, ainda não tinha explorado a plataforma que permite, entre outras funções, avaliar restaurantes e cafés. Lembrei-me de o fazer quando tive uma má experiência num restaurante (de que falei aqui) e senti necessidade de alertar potenciais clientes (e também os gerentes/donos) para o mau serviço prestado. Sim, é um facto, tendemos a reportar mais o mau do que o bom - a pedir o livro de reclamações em vez do livro de elogios (que já é possível encontrar em alguns estabelecimentos). Em jeito de defesa posso avançar que apesar de me ter lembrado do Zomato por uma razão negativa as opiniões que dei desde que me registei foram maioritariamente positivas :)

Quanto ao Zomato: tive um pequeno baque quando comecei a explorar - tinha assumido que era uma start-up portuguesa (não sei onde fui buscar essa ideia mas estava mesmo convencida) e entretanto percebi que a empresa foi criada na Índia. A plataforma é user-friendly e oferece algo que nunca vi no Trip Advisor (que nunca utilizei para avaliar experiências, apenas para consultar): fotografias das ementas. Gosto de consultar as ementas antes de experimentar algum espaço e nem todos os sites/páginas de Facebook de cafés e restaurantes disponibilizam. Gosto de ter uma noção da oferta e dos preços - e acho que pode ter um impacto positivo (convidativo) junto de potenciais clientes. Entretanto apenas fiquei desiludida por Setúbal ainda não fazer parte do Zomato - que já está em 23 países. No sábado passado almoçámos na Casa do Mar (é recorrente, adoramos) e fui direita ao Zomato para dar um notão - mas nada de Setúbal.

O meu perfil no Zomato aqui.

7.12.15

ainda não entrei no espírito - mas quero!

Adoro o Natal. Tenho as melhores recordações possíveis dos Natais da minha infância e adolescência, invariavelmente (ou 90%) na casa de Azeitão. Os meus pais sempre gostaram muito de receber, já como os meus avós, e eu e a minha irmã sempre acompanhámos os preparativos (confesso que tenho apenas alguma preguiça com a árvore de Natal): apanhar musgo para o presépio - que ficava uma verdadeira obra de arte - preparar as sobremesas, decorar a casa... Adoro fazê-lo na vida adulta também (com ligeiras alterações - sem presépio, por exemplo): decidir onde fazemos o 24, a que casas vamos no 25, quem trata do peru, quem traz o quê ou ai-que-presente-damos-à-avó-este-ano? É mais uma razão para estarmos todos juntos, à volta da mesa (somos todos felizes à mesa) ou com jogos até de madrugada (com alguns presentes pelo meio).

Acontece que este ano o Natal ainda não entrou em mim. Ainda não fiz listas de presentes e compras, ainda não decorámos nada em casa, ainda não fiz grandes pesquisas online. Não me reconheço - costumo começar tudo isto em Novembro, para fazer durar o máximo possível. A verdade é que temos tido umas semanas atípicas - felizmente atípicas - de hospitais, médicos e exames e não temos tido muita vontade sequer de pensar no Natal. Ainda só fizemos algumas combinações por alto mas nem está nada definido em termos de datas e locais. Confesso que quero muito entrar no espírito (fico genuinamente feliz) mas ainda não o sinto.. Partilhei esta falta de entusiasmo com a minha irmã - que prometeu vir em minha salvação: no próximo fim-de-semana vamos dedicar-nos a ideias de decoração que andámos a explorar no Pinterest.

Entretanto deixo uma música bonita - de uma banda portuguesa com gente bonita - para o blog entrar no espírito. Já conhecem os Oh Honey?

3.12.15

sim, confesso, faço-o às vezes


the happy page (sou fã)

Nova Iorque, Nova Iorque (a partida e a chegada)

Tenho de escrever sobre Nova Iorque, tenho de escrever sobre Nova Iorque. Desde que voltei que sou assombrada por este pensamento. Quanto mais próximo da viagem escrever mais próximo da realidade - do que senti - será o que escrevo. Já passou um mês e meio e o que me tem travado é o facto de ainda não ter editado as fotografias (para ilustrarem o que escrevo). Estou sem mac - onde tenho os programas de edição - há duas semanas mas na verdade já podia ter começado antes. Não há desculpa possível - é questão de começar.. Como para contar a partida e a chegada não são necessárias fotografias (até porque creio não ter) acho que posso avançar um pouco mais: já referi o que fazer antes da partida para os EUA. Detalhe: quando se recorre a check-in online, tendo comprado os bilhetes online, poderá ser necessário informar a TAP dos dados do passaporte dos viajantes.

[Quando comecei a fazer o check-in online, na véspera da viagem, surgiu uma mensagem parecida com "não é possível realizar check-in - entre em contacto com a TAP". Tentei várias vezes, sempre a mesma mensagem. Calores, suores, tragédia - já achava que não íamos, que tinha feito algo mal nas reservas ou no pedido de autorização para entrar nos EUA. Vi todas as possibilidade más a passarem à frente dos olhos, em segundos - culminando na imagem de um Manel chateado (sou eu que trato das reservas e afins). Entrei em contacto com a TAP por mensagem privada no Facebook - são sempre super rápidos e eficientes a responder - e afinal estava tudo bem (voltei a respirar): na compra de bilhetes online não há nenhum espaço para inserção dos dados do passaporte - e essa informação é necessária para o check-in online. Dei os dados, corrigiram a situação e consegui fazer o check-in].

Já no aeroporto foi tudo muito rápido. Com o check-in online feito passámos a segurança e fomos até à gate. Na gate voltam a fazer um controlo de segurança: é necessário formar uma fila, é feito novo controlo e só depois o embarque (que implica nova fila). Depois do embarque tudo óptimo: os aviões para longo curso da TAP são óptimos (e eu já andei em Emirates) e a viagem faz-se bem. Gosto de todo o contexto "aeroporto". Gosto da sensação de ler ou ver um filme no avião - e de saber que não há outro lugar onde estar ou ir, só posso estar ali. Por falar em filme: vimos um bom filme (vimos os dois o mesmo, ao mesmo tempo <3): True Story, com James Franco, Felicity Jones e Jonah Hill. É um filme recente, de 2015, e não faço ideia se esteve em algum cinema em Portugal. No IMDB tem apenas 6.3 - mas gostámos. Tal como o nome indica é baseado num caso real.

Chegar a Newark: tudo muito rápido e tranquilo. Num instante saímos do avião, andámos um pouco e chegámos ao controlo de passaportes: criam-se pequenas filas, o controlo em si é rápido (o que é que vem cá fazer? quanto tempo fica?) e num instante estamos a recolher as malas e a sair. O aeroporto é pequeno, distâncias curtas, não há por onde nos perdermos. Do trabalho de casa que fiz concluímos que o melhor transporte seria o expresso: sai do aeroporto e faz três paragens em Nova Iorque. A nossa, Port Authority Bus Terminal, ficava a 8 minutos a pé do hotel. Há quem opte por comboio (mais rápido) ou mesmo táxi (bem mais caro). O expresso ficou por 25 dólares ida e volta e o único senão é apanhar algum trânsito (hora de ponta). Aterrámos às 16h30, às 17h30 já estávamos a caminho de Nova Iorque e tenho ideia de às 19h já estarmos no quarto do hotel.

A maioria do tempo de viagem no expresso não tem nada de extraordinário - são subúrbios. Aos poucos delineiam-se os prédios da grande maçã, ao longe, mas mesmo assim não dá para ter muita noção da cidade. O derradeiro momento do percurso é a travessia de um túnel (Lincoln Tunnel) para chegar a Manhattan: passámos por todo o "deserto", entrámos no túnel (já estava quase totalmente noite lá fora) e saímos (já era de noite). Saímos do túnel e estávamos noutro lugar. Saímos do túnel e começámos a ver algum movimento, luzes ao fundo. O autocarro parou passados poucos metros e era a nossa paragem. Saímos, com as malas, para o passeio - mesmo em frente ao edifício do The New York Times (que tínhamos acabado de ver no filme no avião). Luzes. Pessoas. Movimento. Estamos em Nova Iorque. Sou capaz de ter dito baixinho "Oh meu deus - chegámos!" Se não disse - pensei, de certeza.

Este momento, esta chegada, foi emocionante.

2.12.15

sobre o post anterior

Em relação ao último post: morri de saudades quando me deitei ontem. Refazendo: não sabem bem as noites em que o Manel não dorme mas sim as noites em que chega tarde - mas chega. Dito assim não soa muito bem... Convém ler o post anterior para perceber :) Bom dia!

1.12.15

sozinha em casa

Das coisas que faço quando fico sozinha em casa (à noite): chego, preparo o jantar em segundos e instalo-me em frente à televisão a ver o 24 Kitchen.

Hoje estou sozinha. Não acontece muito - apenas quando o Manel tem de madrugar para estar no Alentejo e opta por ficar por lá ou em Setúbal. Hoje não está por uma razão mais importante - a mais importante de todas: cuidar dos nossos - e na verdade já há alguns meses que não acontecia passar uma noite sozinha. Não vou mentir: sabe-me bem. Há algo de inspirador em saber que estou sozinha, que tenho tempo para escrever, que posso fazer tudo ao meu ritmo, que tenho a casa só para mim. Já vivi sozinha solteira e já vivi sozinha longe do Manel, noutro país, por isso sei que só me sabe bem uma noite sozinha porque amanhã já cá está outra vez. Não tenho saudades de viver sozinha. Mas uma noite sozinha, sabendo-me acompanhada (na vida), sabe bem. Mas dizia eu: cheguei tarde a casa, aqueci sopa que fiz no domingo à noite (de couve flor, nunca tinha feito, não estou muito fã) e preparei umas torradas. Em 5 minutos estava instalada no sofá, em frente à televisão - com o aquecedor ligado - a ver programas de culinária. É raro ligar a televisão, passo dias inteiros em casa e ignoro-a sem qualquer esforço (das várias vezes em que vivi sozinha nunca tive televisão) mas é nestes momentos, ao final da noite, que me apetece não pensar nada - e os programas de culinária permitem-me uma abstracção incrível. Entretanto já mudei para a rádio, porque se fico a ver programas de culinária continuo a achar que estou com apetite, e parei no Oceano Pacífico da RFM - que já não é como era, que músicas são estas? Também quase nunca ouço rádio (não conduzo há meses). Mas falando do Oceano Pacífico... É inevitável não me lembrar da minha mãe que conta como o Oceano Pacífico lhe fazia companhia nas noites de estudo quando andava na faculdade e vivia numa residência de freiras em Lisboa (os meus avós viviam em Setúbal). Imagino-a sentada à secretária, num quarto minimalista, com um candeeiro pequenino e livros. Com 17, há 40 anos atrás. Parecida comigo. (Ou eu parecida com a minha mãe).

Momento piroso do dia (hoje estou sensível, cheguei a chorar com a publicidade que anda a comover meio Facebook):